sexta-feira, 30 de abril de 2010

DFB 2010 - Tarcísio Almeida

Em um desfile altamente performático, que aproximou a passarela de uma intervenção teatral, o estilista baiano apresentou suas peças de maneira hipnótica e fascinante.
Tais quais esculturas clássicas da Grécia Antiga, as modelos pairavam, estáticas, no meio do palco, em uma subversão do ser/estar do modelo em um desfile (o modelo não é mero cabide da roupa. Ele é ator, que cria um personagem cujas ações refletem a imagética que o designer busca em sua coleção, e é escritor, produz uma narração de silêncio que se comunica com a percepção das pessoas que ao desfile assistem. Ajuda a gerar múltiplos significados para a roupa apresentada, que não é mais matéria, mas uma ideia lançada pelo seu criador.).
Marcadas pelo minimalismo e pela androginia, as peças exalavam suavidade em transparências (tendência máxima desse inverno "revelador".). A grama na gola das roupas causava estranhamento, porém, completava o ideal de mulher-vaso que parecia estar se formando.
As nervuras, em vestidos bem amplos e semelhantes a túnicas, pareciam raízes a se disseminar no tecido, envolvendo cortes desestruturados nos vestidos e nos casacos clean. As leggings seguiam as cores dos itens e adicionavam ao quesito “sobreposição”, uma presença constante nos desfiles do DFB 2010.
Os tons de pele eram dominantes, mas o branco e o preto também se fizeram notar, sendo o vermelho um fator de contraste, presente nos sapatos Oxford (outro elemento que intensificou o clima andrógino e remeteu ao estilo básico das mulheres nos Anos 90 e, não sei o porquê, às campanhas publicitárias da Ralph Lauren na mesma década.). O degradê (tendência presente em outras coleções, como Mark Greiner e Iury Costa) do branco ao vermelho em sapatos, leggings e casacos adicionou cor aos matizes, por demais neutros, da coleção.

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