Editorial Metropolis - VOGUE Germany Feb/10

O Futurismo retrô (que termo mais paradoxal) está muito bem representado na VOGUE Germany de fevereiro. Em um editorial inspirado pelo icônico filme Metrópolis, de Fritz Lang, a modelo Toni Garrn surge como a personagem Maria em fotos tiradas por ninguém menos que o intitulado Kaiser da Chanel, Karl Lagerfeld, em mais uma empreitada por trás das lentes de uma câmera (será que Karl está pretendendo seguir carreira no mundo da fotografia e deixar os bastidores do mundo da moda?).O Glamour requintado dos Anos 30 e um clima noir dominam nas fotos, que recontam a história do filme com tons de sedução e de sexualidade aflorada, típicas de muitas produções do universo fashion atual (basta ver as campanhas publicitárias das marcas TOM FORD e da Dolce & Gabbana, verdadeiros representantes do soft-porn-chic dentro da indústria da moda, para confirmar essa tendência.).

Obra-prima do cinema mudo, Metrópolis, o qual foi produzido em 1927, é uma fábula de ficção científica com fortes inspirações políticas e um riquíssimo senso estético. Passado em uma distopia futurista dominada por capitalistas ferozes que, literalmente, separaram o mundo em duas classes: a dos patrões, que vivem em prédios majestosos que alcançam as nuvens e a dos operários, que, alienados, habitam os subterrâneos, sufocando em condomínios fechados. Dotado de diversos significados que vão emergindo da sua superfície aparentemente ficcional, o filme também usa da iconografia cristã ao contar a história de um Messias que irá unir ambas as classes e fomentará a união entre a Mente ( os patrões, donos dos meios de produção) e as Mãos (os operários, que têm posse apenas da sua capacidade de trabalhar). Verdadeiro clássico para quem curte cinema, história e, ah, moda e arquitetura também.

¨

Alguns pôsteres de lançamento do filme E olha a influência de Metrópolis em mais uma publicação de fevereiro, agora na 160g e sua Bionic Art Issue. Tudo a ver, né mesmo?

O filme é um representante incrível do Art Decó no cinema, construindo cenários e figurinos com forte pegada futurista, abusando das formas geométricas, das linhas retas e de intricados trabalhos em metal. A força do aço e da máquina se expressam principalmente no robô humanóide Maria, cujos traços físicos são verdadeira inspiração para o futurismo que vem ganhando destaque nos dois últimos anos. Um estilo que nunca esteve tão contemporâneo. Obra não só recomendada, como também obrigatória para fãs de todas as obras de arte.