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Até semana passada, dia 04 de dezembro, a modelo japonesa Aoki Misako esteve no Brasil participando de uma série de palestras, desfiles e exibição de filmes para a divulgação da cultura japonesa no país do samba, visita que se estendeu a São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Brasília. Mas o que tem de tão interessante em Aoki? Bem, ela vive em outra época. Pelo menos no vestuário. Aoki é uma Lolita japonesa, vestida da cabeça aos pés como uma boneca de porcelana. Com um sorriso tímido e cara de anjo, a moça foi escolhida embaixadora do kawaii (bonitinho) pelo próprio Ministro das Relações Exteriores do Japão e veio ao nosso país mostrar o que os japoneses tão realizando lá fora. Mas, afinal, o que é o estilo Lolita que Aoki representa? Como um fã de cultura japonesa, dei uma pesquisada e fico feliz de explicar. Se o estilo Gothic Lolita é o mais conhecido fora do Japão, a subcultura da Lolita na Terra do Sol Nascente abrange uma variedade bem maior de ramificações de estilo, seguidos quase que religiosamente por seus usuários. Basicamente, o visual da Lolita tem inspiração nos laços e babados dos vestuários da Era Vitoriana assim como do Período Rococó (estilo de arte e de decoração que predominou no Século XVIII, caracterizado pela abundância de ornamentos e de enfeites e, por isso, considerado “frívolo” e “vazio”). As origens da moda Lolita, porém, não são muito claras, tendo relação com o movimento Visual Kei (movimento musical surgido no Japão nos Anos 80, caracterizado pelo uso de vestuário, maquiagem e penteado elaborados (e bizarros) por seus membros. Nenhuma novidade no Ocidente, visto que esse movimento pegou uma carona no glam rock dos anos 70 e no Metal de bandas maquiadas, como o Kiss).

O estilo encontrou forte base em diversas lojas no Japão, como "Baby, The Stars Shine Bright", "Metamorphose temps de fille" e "Angelic Pretty". Popularizada por revistas como “Gothic & Lolita Bible” e a “FRUITS” (que fala do estilo underground de Tóquio), a moda Lolita é altamente conhecida no Japão e seus seguidores se vestem de uma maneira facilmente identificável. Os estilos mais difundidos, que diferem pelos elementos do vestuário e pelas cores, são

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GOTHIC LOLITA
Com influência do New Wave dos Anos 80, esse estilo se diferencia pelo uso de maquiagem e de roupas escuras, com foco principalmente nos olhos (bem delineados) e na boca (normalmente, pintada de vermelho sangue). Elementos identificados com o movimento gótico são comuns, como morcegos, caixões e crucifixos de prata, usados ou como acessórios ou como bolsas (!). Nós, ocidentais, temos a tendência de achar que toda japonesa com vestidinho de babados, carinha de boneca e lacinhos é uma Gothic Lolita, sendo que esse estilo é uma versão mais “dark” da Lolita.

SWEET LOLITA
O estilo Lolita “kawaii”. É esse o estilo que a Aoki Misako segue. Com inspirações mais infantis e delicadas, as usuárias do Sweet Lolita parecem bonecas de porcelana em tamanho real. Os matizes por elas escolhidos são leves, consistindo de tons pastéis e de rosa, que se dividem em grandes saias repletas de babados, lacinhos e acessórios bonitinhos, como sombrinhas e bolsinhas. A maquiagem dessas moças é bem leve, dando um ar mais natural à moda sweet. Uma inspiração desse visual é Alice no País das Maravilhas. Elementos identificados com a realeza, como coroas e cetros e com formas “fofinhas”, como morangos, corações e cupcakes, estão sempre presentes nos ornamentos usados pela Sweet Lolita. O filme “Shimotsuma Monogatari” (Kamikaze Girls nos EUA) é uma fonte de pesquisa bem legal para quem gostou desse estilo. Conta a história da amizade improvável entre uma Sweet Lolita (a nada adorável Momoko) e uma Biker, Ichigo, e de como essa relação irá mudar a vida das duas. Super colorido e com atuações hilárias e bem caricatas, o filme é uma pedida bem legal para um sábado com os amigos, por exemplo, além de passar uma mensagem bonita de amizade no fim.

O vestuário bastante reconhecível das Lolitas vem invadindo a cultura pop japonesa e nos grandes centros urbanos e bairros freqüentados pela juventude do Japão pode-se ver várias meninas com saias redondas, laços, sombrinhas, crucifixos, saltos altíssimos e mais uma salada mista de influências. Várias idols seguem o estilo e, além de Aoki Misako, cantoras como Kana e Nana Kitade também divulgam o lifestyle Lolita. Além disso, animes e video games japoneses já apresentam diversas personagens Lolita. No Ocidente, a moda vem se espalhando entre as fãs de animação japonesa e cantoras, como a gótica Emilie Autumn, já aderiram aos apetrechos do estilo.
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Nana Kitade

KanaEmilie Autumn Como o blog também é de street fashion, lolitas de nossa prezada cidade não podiam faltar, né mesmo? A primeira é uma Gothic Lolita de figurino mais prático, mas mantendo o glamour dark, enquanto que a segunda é uma Wa Lolita (uma ramificação da Lolita que mistura elementos do vestuário comum das meninas com quimonos e elementos tradicionais das vestimentas japonesas.).
E aproveitando o clima Alice no País das Maravilhas, com o lançamento, no próximo ano, do filme "Alice", do Tim Burton..
Um editorial da Gothic & Lolita Bible inspirado no mundo fantástico criado por Lewis Carroll. Estrelando a modelo Kana em um País das Maravilhas repleto de referências infantis, as fotos são feitas bem ao estilo de uma Sweet Lolita. (PS: só eu achei meio fetichista a foto dela presa com fitas vermelhas?).

Foto original para a capa do post: Greg de Stefano