segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Pra inspirar.. Filme "Okuribito" (2008)

Hoje é Dia de Finados e realmente não pretendia postar nada sobre a data. Para nós brasileiros, normalmente é uma data que a maioria das pessoas não leva muito em consideração, apenas aquelas que perderam realmente alguém muito querido. Hoje é dia de relembrar a história dos que se foram e honrar essa memória, enfrentando as dores do passado. Lidar com a morte não é fácil para nós do Ocidente (eita, lá vou eu falar de algo oriental), algo que é natural e inerente a qualquer ser vivo, mas que logo nos traz más sensações. A morte é algo a ser esquecido, disfarçado. Numa sociedade que valoriza o "jovem", o "saudável", o "feliz", o "estar", a idéia de não mais existir, a idéia de impermanência é algo abominável. E logo nós vemos a morte como algo que não é natural e que não faz parte do ciclo da vida.
Um filme me fez lembrar desse fato e é por isso que resolvi recomendá-lo aqui. A filosofia do belíssimo e emocionante "Okuribito", (Departures, em inglês e A Partida, em português), de 2008, encanta por nos mostrar exatamente que a morte deve ser encarada como uma passagem inevitável no ciclo de vida de cada um. Uma mudança de existência.
Pôster lançado no Japão
Ganhador de vários prêmios em sua terra natal e no exterior (incluindo o Oscar 2009 de Melhor Filme Estrangeiro, acontecimento que, infelizmente, ficou ofuscado pela vitória impressionante do também ótimo "Quem Quer Ser um Milionário", de Danny Boyle), o filme, dirigido por Yojiro Takita, conta a história de Daigo Kobayashi. Violoncelista da Orquestra de Tóquio, perde seu emprego com a dissolução desta e retorna, junto com sua esposa, à sua cidade natal em busca de uma oportunidade de ganhar dinheiro. Ao ver um anúncio de emprego cujo ambíguo título "Auxiliamos Partidas" apresenta uma oportunidade, ele o aceita apenas para se descobrir preparando cadáveres para serem enterrados. O que, porém, podia ser algo terrível acaba se mostrando de valor inestimável, na medida em que, a partir da morte, Daigo aprende sobre o valor da vida.
Pôster lançado nos EUA
De fotografia linda, o filme pode parecer estranho aos olhos ocidentais pela ausência de, digamos, exageros expressivos. Através do silêncio, do espaço vazio entre uma ação e outra é que se constrói as tensões de "Okuribito". Porém, não falta emoção na película que, não apenas mostra como lidar com a falta de entendimento da morte, mas também como aprender com seus fracassos e como o amor pode realmente vencer a angústia e o medo. Filme mais do que recomendado.

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